Bryce Canyon & Red Rock 2023
Utah/Nevada, EUA
4 dias - out/2023

Em outubro de 2023 voltamos aos EUA para realizar o sonho de conhecer o Grand Canyon. Realizamos uma incrível travessia de 4 dias dentro do cânion, e aproveitamos a oportunidade para conhecer outros parques na região. Ao total, percorremos mais de 1.800 Km de estradas, cruzando os estados de Nevada, Arizona e Utah. Nosso planejamento teve foco em três destinos principais: os parques nacionais do Grand Canyon, Capitol Reef e Bryce Canyon. Para tentar registrar da melhor forma essa rica experiência, dividi o relato da viagem em três artigos: No primeiro, falo do início da excursão, com a caminhada no Grand Canyon. Nesse primeiro artigo, incluí um quadro resumo do nosso roteiro completo, e um mapa geral do percurso nas estradas. No segundo artigo, conto sobre nossas experiências na estrada, partindo do Grand Canyon até o Capitol Reef, incluindo nossa travessia de 3 dias nesse segundo parque. Finalmente, neste terceiro e último artigo, contarei sobre a última etapa da viagem, que inclui a visita ao Bryce Canyon e Red Rock Canyon.

As famosas formações dos Hoodoos, avistadas a partir da Rim Trail no Bryce Canyon National Park
As famosas formações dos Hoodoos, avistadas a partir da Rim Trail no Bryce Canyon National Park

Aproximação ao Bryce Canyon

12/10) Capitol Reef → Bryce Canyon

Visual de um dos mirantes após o Larb Hollow Overlook
Visual de um dos mirantes após o Larb Hollow Overlook

Acordamos no Fruita Campground, no Capitol Reef National Park, para iniciar nossa viagem em direção ao Bryce Canyon. O tempo no final da tarde anterior já havia dado sinais claros de mudança, com chuva e vento gelado. Estávamos na expectativa de dias mais frios à frente. Agora, às 7 da manhã faziam 5°C. Desmontamos nosso acampamento e tomamos a estrada principal (UT-24) em direção à Torrey. Paramos rapidamente na pequena cidade para comprar algo (que não me recordo), e notamos pequenas partículas brancas caindo do céu. Estava nevando. Sabíamos que nessa viagem experimentaríamos extremos de temperaturas, mas a neve, ainda no meio de outubro, nos surpreendeu.

As cores de outono davam um toque especial à Byway 12
As cores de outono davam um toque especial à Byway 12

Deixamos Torrey optando pela UT-12. A estrada é reconhecida como uma das National Scenic Byways, conjunto formado por estradas com determinadas características relevantes, dentre elas, a beleza das suas paisagens. A UT-12 atravessa a Dixie National Forest, várias partes do Grand Staircase-Escalante National Monument, além do próprio Bryce Canyon National Park. Ou seja, não faltariam motivos para que o visual da estrada fosse, de fato, diferenciado. Deixamos Torrey com cerca de 2.000 metros de elevação e começamos a ganhar mais altitude conforme subíamos a Boulder Mountain, à sudoeste do Capitol Reef. A paisagem desértica que nos acompanhava pelo últimos dias começou a se transformar numa floresta de decíduas.

Animais na pista enquanto cruzávamos a Byway 12
Animais na pista enquanto cruzávamos a Byway 12

Às 8:30, alcançamos o belo Larb Hollow Overlook, com 2.700 metros de elevação. Faziam -2 °C. Descemos do carro para algumas fotos, mas o vento gelado, que soprava sem parar do lado de fora, tornava a experiência congelante, mesmo com as segundas peles ainda vestidas por baixo das roupas. Continuamos seguindo a estrada, maravilhados com a mudança brusca de paisagem e as cores da folhagem. O início do outono garantia tons vibrantes de amarelo por toda a parte. A estrada chega próxima de 2.900 metros de elevação. Paramos em outros mirantes para contemplar por alguns minutos, enquanto conseguíamos suportar o vento gelado. Ao longo da estrada, cruzamos com gado circulando livremente em vários pontos.

Atravessando o Grand Staircase-Escalante National Monument pela Byway 12
Atravessando o Grand Staircase-Escalante National Monument pela Byway 12

A estrada perdeu altitude e estávamos agora pouco abaixo dos 2.000 metros, acessando a Calf Creek Recreation Area, pertencente ao Grand Staircase-Escalante Monument. Nossa ideia era conhecer a belíssima Lower Calf Creek Fall. No entanto, já eram 10 horas e a trilha de acesso à cachoeira teria cerca de 9,6 Km de extensão, ida e volta. Planejávamos explorar o Bryce Canyon ainda naquele dia. Então, julgamos que seria mais prudente abortar a visita à cachoeira e seguir direto para o Bryce Canyon. Não era a primeira vez que precisávamos abortar alguma visitação nessa viagem. A região é riquíssima em atrativos, e acabamos precisando ser seletivos para garantir que teríamos tempo suficiente para os pontos que priorizamos no planejamento.

Engarrafamento no acesso ao Bryce Canyon National Park
Engarrafamento no acesso ao Bryce Canyon National Park

Seguimos viagem por mais 104 Km, cruzando paisagens fascinantes. Alcançamos a portaria do Bryce Canyon às 11:45. Nos deparamos com uma fila de carros aguardando sua vez para comprar ingressos e acessar o parque. Já havíamos comprado nosso passe anual na chegada ao Grand Canyon. Por isso, quando chegou nossa vez apenas apresentamos o passe e documento de identificação. Nossa preocupação era conseguir um local para acampar naquela noite. No início de outubro a temporada de reservas antecipadas havia se encerrado naquele parque, então, precisaríamos contar com um campsite obtido por ordem de chegada. Seguimos direto para o North Campground.

Visual iniciando a descida da Navajo Trail
Visual iniciando a descida da Navajo Trail

Encontramos o acampamento bem cheio. Apreensivos, dirigimos através dos loops, buscando atentamente um dos últimos campsites livres. Conseguimos localizar um pequeno e próximo a um banheiro. Sem esperanças de conseguir algo melhor, e preocupados com a hora, preferimos garantir o que já havíamos localizado. Fizemos o sef-checkin preenchendo um envelope com nossos dados, onde depositamos o valor referente à estadia. Destacamos um canhoto para afixar junto ao campsite e depositamos o envelope numa urna junto à entrada do acampamento. Seguimos para a beira do platô, para começarmos a exploração do parque à pé.

Clássico trecho da descida da Navajo Trail, confinado entre as paredes avermelhadas
Clássico trecho da descida da Navajo Trail, confinado entre as paredes avermelhadas

Apesar do nome, o Bryce Canyon não é geologicamente, um cânion. Trata-se de um grande platô que abriga em suas encostas anfiteatros naturais. Nesses anfiteatros foram erodidas formações muito interessantes. As mais curiosas são os hoodoos, produzidos graças a características peculiares do local. O parque experimenta temperaturas acima e abaixo de zero durante uma mesma noite, inúmeras vezes ao longo do ano. Durante o congelamento, a expansão da água infiltrada nas rochas sedimentares age como uma cunha, fraturando e esculpindo-as ao longo dos anos. Esse processo cria as formações alongadas e janelas que são ícones do parque.

Às 12:50 iniciamos a caminhada pela Rim Trail, de onde tínhamos um visual fantástico da planície abaixo, e das formações abrigadas na encosta do platô onde estávamos. Dessa vez, caminhávamos sem as cargueiras. Iríamos explorar a região e retornar, no mesmo dia, para o North Campground. Percorremos 1,5 Km pela borda do platô, até a trailhead do Navajo Loop. Ali, iniciamos a descida em direção ao vale, pelo braço leste da Navajo Loop Trail. Descemos quase 200 metros em cerca de 1,5 Km, através de um trilha com visuais fantásticos. Lá em baixo, paramos um pouco para lanchar e relaxar antes de emendarmos o Peekaboo Loop.

Iniciando o Peekaboo Loop
Iniciando o Peekaboo Loop
Foto: Patrícia Carvalho

Eram 14:00 e faziam 18°C. A temperatura seria perfeita para a caminhada, mas minha recordação do circuito como um todo é de uma "chateação térmica". À medida que avançávamos, se alternavam trechos na sombra e no sol quente. Momentos sem vento e com vento gélido. Trechos de subidas e descidas. O tira e põe de anorak e chapéu era constante. Apesar da inconstância da sensação térmica, o vento gelado frequente garantiu que esse circuito fosse uma das raras ocasiões em que caminhei a todo tempo com a calça da segunda pele sem problemas.

Realizamos os 4,5 Km do Peekaboo Loop no sentido horário. Depois, como o braço oeste do Navajo Loop estava fechado, subimos de volta para a borda do platô usando novamente o braço leste do Navajo Loop. Apesar do braço leste ser lindo, com essa restrição perdemos a clássica passagem pelo trecho da Wall Street. Quando chegamos de volta ao topo, eram 16:45. Com mais 20 minutos de caminhada com tranquilidade pela borda, estávamos de volta ao ponto de início. Havíamos percorrido 10 Km de trilhas no dia. Seguimos para o North Campground para montar o acampamento e nos preparar para o banho e jantar.

A Wall of Windows é uma das formações famosas avistadas a partir do Peekaboo Loop
A Wall of Windows é uma das formações famosas avistadas a partir do Peekaboo Loop
Foto: Gabriel Lousada

Ao chegarmos, nos deparamos com uma barraca desconhecida montada no nosso campsite. Estranhamos pois já havíamos pagado e afixado o canhoto de reserva na entrada do campsite. Não havia ninguém na barraca, mas logo em seguida, um carro se aproximou e o dono da barraca se apresentou. Nos contou que não conseguiu um lugar para pernoitar e nos pediu para passar a noite ali. Achamos desrespeitosa ocupação prévia do campsite sem nosso consentimento. Não havíamos passado por uma experiência semelhante em nenhuma viagem anterior. Explicamos para ele que nosso grupo era grande e o campsite pequeno. Ele retirou suas coisas e se foi. Resolvido esse imprevisto, montamos as nossas barracas e prosseguimos com nossos planos.

Nosso campsite no North Campgroung
Nosso campsite no North Campgroung
Foto: Catia Valdman

Tomamos banho nos banheiros (pagos) anexos à General Store. Depois, jantamos muito bem na simpática Valhalla Pizza, ouvindo um repertório super diversificado, que incluía até forró! Retornamos para o acampamento para nos preparar para aquela que seria a noite mais fria de toda a viagem. Às 21:00 já fazia -1°C. Felizmente, o vento havia dado uma trégua. Selecionamos as roupas mais quentes disponíveis. Nossa amiga mais friorenta, que até então vinha dormindo só na sua barraca, se juntou em outra barraca para sofrer menos com o frio.

13/10) Bryce Canyon → Pahrump

Visual a partir do Inspiration Point
Visual a partir do Inspiration Point
Foto: Catia Valdman

Bem alimentados e com o reforço nas medidas preventivas contra o frio, conseguimos atravessar bem a noite gelada. A parte mais difícil foi o café da manhã. Às 7:00, faziam -6deg;C. O gelo cobria as barracas, o carro e a mesa do campsite. Uma placa de gelo se formava também na superfície da água dentro das nossas garrafas. Com as mãos endurecidas, tentávamos preparar o café. A desmontagem das barracas precisou ser feita em etapas, para aliviar a dor das mãos expostas ao ar e ao gelo retirado dos sobretetos. Tão logo finalizamos a desmontagem, corremos para dentro do carro para nos aquecer enquanto tentávamos derreter o gelo do para-brisa com o ar quente.

Visual a partir do Paria Point. No fundo do vale, o Yellow Creek
Visual a partir do Paria Point. No fundo do vale, o Yellow Creek

Iríamos deixar o Bryce Canyon no final daquela manhã. Mas antes da partida, com segundas peles, gorros e todo aparato, ainda descemos do carro para conhecer o Visitor Center e os mirantes Bryce Point, Paria Point e Inspiration Point. Em torno das 11:00 estávamos deixando o parque. Em nossa viagem já havíamos passado pelo Grand Canyon, Capitol Reef e outros lugares incríveis. Ainda assim, o Bryce Canyon consegui nos surpreender com visuais bastante diferentes e inspiradores. Sendo um fã de caminhadas com acampamento móvel, não tenho dúvidas de que realizar algum percurso com pernoites dentro do Bryce Canyon seria uma experiência interessante. Porém, imagino que o estilo de visitação que fizemos conseguiu nos dar uma mostra bastante significativa do que o parque tem para oferecer, dentro da janela curta de tempo que tínhamos dentro da nossa programação.

Estrada deixando o Bryce Canyon
Estrada deixando o Bryce Canyon

De acordo com os planos originais da viagem, estaríamos agora seguindo para o Death Valley, na Califórnia. Mas esse parque foi fechado depois dos estragos causados por reflexo do Furacão Hilary em agosto. Uma alternativa natural seria estender nossa visita no próprio Bryce Canyon, ou na região do Utah. Porém, uma das integrantes do grupo precisava voltar ao Brasil, então precisávamos manter no roteiro a passagem por Las Vegas nesta data. Uma vez de volta à Las Vegas, faria mais sentido buscar atrativos alternativos nos arredores daquela cidade. A escolha natural foi o Red Rock Canyon National Conservation Area. Mas antes de conhecer essa unidade de conservação, ainda tínhamos um longo dia de estrada pela frente.

Pôr do sol na estrada, a caminho de Pahrump
Pôr do sol na estrada, a caminho de Pahrump

Saímos do Bryce Canyon curtindo novamente o belo visual da estrada nos arredores. Depois, pegamos nossa velha conhecida Interestadual 15 e as paisagens foram se tornando cada vez menos surpreendentes, até estarmos novamente adentrando o centro urbano de Las Vegas. Como de costume, passamos na REI para ajudar nossa amiga com suas últimas compras de equipamentos antes de voltar ao Brasil. Nos despedimos dela no Mardi Gras, mesmo hotel em que havíamos nos hospedado quando chegamos nos EUA. O resto do grupo não iria se hospedar ali.

Fachada do hotel Pahrump Nugget ao anoitecer
Fachada do hotel Pahrump Nugget ao anoitecer

Era uma sexta-feira, e as diárias em Las Vegas ficam super caras nos finais de semana. Resolvemos esticar a viagem para Pahrump. Não conhecíamos nada sobre essa cidade, mas ela oferecia preços melhores para hospedagem. Decidimos fazer a experiência. Pegamos um belo pôr do sol na estrada. Com uma hora de viagem, chegávamos na pequena cidade sem nenhum atrativo turístico. Os fãs de cassinos encontrariam ali alguns deles, com seus letreiros extravagantes, ainda reflexo da proximidade de Las Vegas. Nos hospedamos no Pahrump Nugget. Um hotel cassino simples, muito similar a tantos outros que vemos em Las Vegas. Ao menos, a qualidade e limpeza das acomodações era muito superior ao Mardi Gras.

Nos instalamos e começamos a tentar pôr alguma ordem nas cargueiras lotadas de equipamentos bastante viajados. Depois, fizemos à pé, uma frustrante busca por algum lugar para o jantar. Pahrump dorme cedo e não está muito bem preparada para receber os turistas. Cansados, não víamos a hora de dormir nas camas confortáveis, depois de 12 noites dormindo em barracas.

14/10) Red Rock Canyon

Tarântula na parede do Centro de Visitantes do Red Rock Canyon
Tarântula na parede do Centro de Visitantes do Red Rock Canyon

Fizemos um café da manhã improvisado no quarto do hotel, em boa parte, com os alimentos que ainda trazíamos no farnel da viagem. Partimos para a visita ao Red Rock Canyon. A unidade fica localizada entre Las Vegas e Pahrump. Por isso, iríamos retornar pela mesma estrada que usamos no dia anterior. Na véspera, também fizemos reservas para a nossa entrada na unidade. O visitante pode permanecer por quanto tempo desejar no local, mas é necessário selecionar antecipadamente uma faixa de horário para a entrada. Com o passe anual que havíamos comprado, não foi necessário pagar nada adicional pelos ingressos.

Tentando fotografar o eclipse através dos óculos protetores
Tentando fotografar o eclipse através dos óculos protetores
Foto: Patrícia Carvalho

A região é bem bonita: Aquelas paisagens desérticas tradicionais dos arredores de Las Vegas, mas com o toque especial de montanhas de cores e formatos exóticos presentes no horizonte. O tempo estava ótimo. Naquele sábado, planejávamos fazer algumas trilhas na unidade, e estávamos animados por estar num local muito conveniente para acompanhar o eclipse solar que aconteceria naquela manhã. Por outro lado, não demos nenhuma prioridade ao evento astronômico durante os nossos planejamentos. Então, estávamos também arrependidos por não termos comprado óculos apropriados para acompanhar o fenômeno.

Próximo ao final da trilha, chegamos ao tanque natural que dá nome à Calico Tanks Trail
Próximo ao final da trilha, chegamos ao tanque natural que dá nome à Calico Tanks Trail

Com menos de uma hora na estrada, chegávamos ao Centro de Visitantes do Red Rock Canyon. Entramos para pegar algumas informações básicas sobre as trilhas que poderíamos fazer. Fomos abordados por um guarda parque muito animado, que fez questão de nos mostrar a tarântula que passeava em uma das paredes da instalação. Ao final da conversa, nos contou que, se comprássemos qualquer coisa na lojinha do Centro de Visitantes, ganharíamos pares de óculos para ver o eclipse. Inesperadamente, nosso problema estava solucionado! Imediatamente fomos gastar alguns dólares em souvenirs para garantir nossos óculos!

Visual no final da CalicoTanks. No primeiro plano, uma cidade próxima ao Red Rock Canyon. Ao fundo, Las Vegas. É possível identificar a torre do Stratosphere à esquerda.
Visual no final da CalicoTanks. No primeiro plano, uma cidade próxima ao Red Rock Canyon. Ao fundo, Las Vegas. É possível identificar a torre do Stratosphere à esquerda.

Era próximo das 9:00 e o eclipse já havia começado. Nos sentamos na frente do Centro de Visitantes e começamos a brincar com nossos novos óculos. As "lentes" eram de uma película tão escura que não se enxergava nada através deles, ao não ser, o Sol. Muito diferente da visibilidade através de um filme de radiografia, que não é seguro para essa finalidade. O evento para o qual, inicialmente, não estávamos dando tanta importância, acabou sendo muito interessante. Na região, a sombra lunar chegou a 87% de cobertura. Apesar desse elevado percentual, a alteração na claridade do dia foi praticamente imperceptível. Só mesmo com os óculos para constatar o fenômeno em curso. Após o seu ápice, em torno das 9:30, julgamos que era hora de seguir para nossa trilha.

Detalhe da Petroglyph Wall com pinturas rupestres.
Detalhe da Petroglyph Wall com pinturas rupestres.

Ainda de carro, tomamos a Scenic Drive, nos dirigindo para nosso primeiro objetivo: A trilha Calico Tanks. Na trailhead, bastante movimento de turistas, alguns escaladores já na pedra e outros chegando com seus equipamentos. O Red Rock é famoso entre os praticantes de escalada da região. Não seria de se surpreender, já que não existem tantas opções de montanhas nas proximidades. Mas, de fato, as vias do local parecem ser bem interessantes. Eram em torno das 10:15 quando começamos a caminhada. Sol forte, mas sem o peso das cargueiras, tudo era muito mais fácil. A trilha estava bem movimentada. Cenário árido, ainda assim, muito bonito pelas cores e formas.

Entrando no Ice Box Canyon
Entrando no Ice Box Canyon
Foto: Patrícia Carvalho

A trilha tem apenas 4 Km (ida e volta). Ao longo da caminhada, fazíamos breves paradas para continuar acompanhando os últimos momentos do eclipse. Ao final da trilha, encontra-se um reservatório natural de água esculpido entre as rochas, e um belo visual panorâmico onde se identifica, ao longe, as construções mais altas e extravagantes de Las Vegas. Depois, retornamos para Scenic Drive e continuamos de carro parando nos pontos de interesse. Fizemos a curtíssima Petroglyph Wall Trail para observas as pinturas rupestres e, no retorno, paramos em uma das poucas sombras para lanchar e escapar do sol das 13:30.

Escalando o leito seco da cachoeira ao final do Ice Box Canyon
Escalando o leito seco da cachoeira ao final do Ice Box Canyon
Foto: Patrícia Carvalho

O descanso não durou muito. Às 14:00 estávamos iniciando a Ice Box Trail. O comprimento era também de cerca de 4 Km, porém a trilha era pouco mais trabalhosa de ser percorrida. No início, o sol quente castigou. Depois que entramos no cânion, a sombra das suas paredes e o ar bem mais fresco tornaram a experiência muito mais agradável. Na entrada do cânion, grupos de escaladores podiam ser vistos e ouvidos ao longe nas paredes. A trilha exigiu um pouco mais de cuidado com a orientação e, a medida que avançávamos, se tornavam mais frequentes os trepa pedras. No final, chegamos a uma cachoeira, praticamente seca. O local deve ser muito bonito com mais água. Porém, certamente não teríamos conseguido escalar até o ponto onde fomos se a água estivesse mais forte.

Às 16:45 iniciávamos mais uma trilha: a Fire Ecology. A temperatura girava agora em torno dos agradáveis 16°C. Se trata de um pequeno circuito de menos de 1,5 Km. Ali, motivados pelas informações do catálogo de trilhas, nossa principal esperança era algum encontro com a fauna. Mas essa viagem definitivamente não estava disposta a nos prestigiar com esses avistamentos. Finalizamos a Scenic Drive e tomamos a estrada de volta para Pahrump. Mas uma vez, curtimos um belo pôr do sol no deserto. De volta à cidade, saímos para jantar mais cedo, e de carro, para ter mais chances de encontrar algum restaurante aberto. Jantamos no Panda, um bom fast food de comida chinesa que já conhecíamos de outras oportunidades. Agora, só nos restava descansar para nosso último dia de passeios na natureza.

15/10) Pahrump → Red Rock Canyon → Las Vegas

Bela arquitetura das instalações do Centro de Visitantes do Red Rock Canyon
Bela arquitetura das instalações do Centro de Visitantes do Red Rock Canyon

No dia anterior, fizemos uma visita bastante proveitosa ao Red Rock Canyon. Definitivamente, é um atrativo que vale a pena ser conhecido por quem passa por Las Vegas e arredores. Dentro do possível, havíamos conseguido contornar o impacto do fechamento do Death Valley sobre o nosso roteiro. Mas estávamos ilhados novamente em Pahrump. Para o final do dia, tínhamos reservas feitas antecipadamente para o hotel Mardi Gras, em Las Vegas. Decidimos partir em direção à Las Vegas logo pela manhã, e aproveitar a passagem pelo Red Rock Canyon para uma segunda visita.

Curtimos mais uma vez o visual dos mirantes e da própria estrada de acesso, e fizemos uma visita mais extensa ao Centro de Visitantes. O Centro de Visitantes é super completo (talvez até mais do que alguns parques nacionais), e suas instalações contam com uma bela arquitetura. Estivéssemos preparados para escalar, certamente não faltaria diversão no Red Rock. Como não era nosso caso, nos contentamos com a visita extra ao Centro de Visitantes e seguimos para Las Vegas.

Chegando na Fremont Street
Chegando na Fremont Street

De volta à cidade, encontramos o sol fustigante do qual tínhamos recordações de viagens anteriores, mas que havíamos sido poupados dessa vez, na nossa chegada aos EUA. Foi nossa vez de passar na REI para as compras de suprimentos para as atividades de montanha no Brasil. Depois do almoço no Whole Foods Market (já tradicional), nos instalamos no Mardi Gras e saímos ao final tarde para passear por Las Vegas. Nosso foco naquele dia foi a Fremont Street, conhecida como a "velha Las Vegas". Foi lá que a cidade começou. É o local onde se encontram os mais antigos cassinos. A Fremont Street foi, relativamente recentemente, transformada num festival de luzes, leds, música e todo tipo de bobagens extravagantes para chamar a atenção dos turistas.

Caminhando na Fremont Street sob seu domo gigante iluminado
Caminhando na Fremont Street sob seu domo gigante iluminado

A Fremont Experience, como é chamada, nenhuma relação possui com as coisas que verdadeiramente nos motivam a planejar e executar uma viagem como a que fizemos. Por outro lado, é tão exótica e icônica, que merece ser conhecida quando se está ali por perto. A parte engraçada disso tudo, é que essa cidade foi usada como base para as nossas excursões de montanhismo diversas vezes. E como sempre tem alguém no grupo que não vivenciou a "experiência Las Vegas", nos vemos repetidas vezes circulando por aqueles espaços esdrúxulos, como se fosse esse o ponto alto da viagem. Torcemos para que um dia os voos e hospedagens em Salt Lake City consigam competir com os de Las Vegas e assim teremos prazer em variar a cidade de acesso aos parques do Utah.

16/10) Las Vegas

Caminhando na Fremont Street sob seu domo gigante iluminado
Caminhando na Fremont Street sob seu domo gigante iluminado

Esse dia foi dedicado a compras (basicamente no Las Vegas North Premium Outlet), descanso e arrumação das malas para o retorno pra casa. À tarde, conseguimos tempo até para dar uma passada na loja da série "Trato Feito (Pawn Stars)" que sempre esteve ali perto quando nos hospedávamos no Super 8, mas ainda não tínhamos feito uma visita. À noite, o passeio clássico pela Strip e seus hotéis cassino.

17/10 - 18/10) Voo Las Vegas → Rio

Acordamos ainda na madrugada para devolução do carro na central de locações próxima ao aeroporto. De lá, tomamos o ônibus do aeroporto para nos conduzir até o terminal de embarque. Partimos às 8:15. Chegamos em Houston às 13:20, ontem tivemos que esperar até as 20:00 para decolar no próximo voo para Rio. Desembarcamos no Brasil às 08:15 do dia 18, totalizando quase 20 horas de viagem. Fora o cansaço descomunal, a sensação de enorme gratidão e realização. Tínhamos certeza de que havíamos tínhamos tido a oportunidade de viver momentos incríveis, que ficarão nas nossas memórias para sempre.

Por: Ângelo Vimeney
Publicado em: 12/02/2023

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