Orientação
Trata-se de uma trilha que exige uma boa experiência em orientação, estudo do trajeto que será realizado e uso apropriado de bons instrumentos de navegação. O relevo pouco acidentado do cerrado não favorece com bons referenciais visuais. A trilha em vários momentos não é bem marcada. Além disso, trilhas bem definidas, porém incorretas, surgem eventualmente levando para outros destinos.
Foto: Patrícia Carvalho
Em alguns momentos o nosso GPS indicou que estávamos perfeitamente sobre a trilha, porém no terreno não havia nenhum vestígio de passagem de pessoas. Em outros momentos, estávamos caminhando tranquilos sobre uma trilha facilmente identificável. Até conferirmos o GPS e descobrirmos que estávamos seguindo na direção errada.
Em alguns trechos existem sinalizações com estacas de madeira, ou setas pintadas em pedras. Porém essas marcações são bastante esparsas e pintadas de amarelo, se confundindo facilmente com vegetação. Para completar, o tracklog oficial algumas vezes não coincide com as sinalizações, nem muito menos com outros tracklogs disponibilizados por visitantes anteriores. Para mencionar um ponto favorável à orientação, os campos rupestres, com sua vegetação rasteira, permitem ótima visibilidade dos referenciais no entorno.
Uma curiosidade sobre a região é que existem muitas rochas com formações em folhas paralelas empilhadas. Esses formações são visualmente perceptíveis em blocos de poucos metros até dezenas de metros de diâmetro. Tais blocos, ou placas, se apresentam parcialmente soterradas, de forma oblíqua. Uma das extremidades está mais afundada no solo enquanto a outra está suspensa no ar, como um navio que naufraga. O interessante é que desde o primeiro dia até o último dia de caminhada, observamos que as extremidades suspensas estão sempre apontando para o oeste. Como, na maior parte do tempo, a caminhada se dá em direção ao sul, observamos quase sempre estas rochas apontando para nossa direita.
O trecho de Alto Palácio até o Travessão certamente foi o de navegação mais fácil. Dali até o final nos deparamos volta e meia com algum tipo de questão de orientação. Talvez a maior concentração de pontos obscuros esteja na seção referente ao segundo dia de caminhada. Resumi abaixo algumas das dúvidas e/ou falhas de navegação que experimentamos. Na área de cartas topográficas do blog pode ser feito o download de material para auxiliar nesta travessia. Na página de downloads disponibilizei os tracklogs que podem ser úteis, incluindo os waypoints que indicam os pontos problemáticos que listei abaixo.
Foto: Aline Palmier
4 km depois do Travessão
Após a passagem pelo Travessão, a trilha segue por cerca de 4 Km em um aclive bem constante. Quando a subida dá uma trégua, nos deparamos com uma bifurcação. A trilha à esquerda seguia por uma parte mais baixa do terreno e era a que estava indicada no nosso GPS. A trilha da direita estava sinalizada por uma estaca pintada de amarelo. Fizemos opção por esta última, assumindo que a estaca indicaria a rota oficializada pelo parque. Percorremos a trilha desconfiados, por 1 Km de leve aclive. Felizmente, descobrimos que ambas seguem paralelas, se juntando à frente.
Mata antes da Casa de Tábuas
Faltando 2 Km para a chegada na Casa de Tábuas, a trilha que vinha em aclive desde o Travessão, faz um mergulho de 120 metros. Lá em baixo, a vegetação fica mais densa e é necessário ingressar numa pequena floresta. Já era noite e estávamos caminhando com lanternas. Tivemos dificuldades para manter a trilha. A maior parte do tempo, percebe-se que o chão surrado da trilha está presente, mas bastante encoberto pelo mato que cresce às margens.
Descida do ponto mais alto
Deixando a Casa de Tábuas, a trilha segue em aclive até atingir o seu ponto mais alto, na cota de aproximadamente 1675 metros. Dali, começa a descer por uma crista até alcançar a lateral direita de um morrote bem pronunciado, a 1,3 Km de distância. Acompanhando a carta, sabíamos que ao chegar neste ponto, deveríamos fazer uma curva de 90° para a direita, deixando a encosta. Porém, perdemos este ponto de saída. A trilha está bem pisada nesta área e segue direto. Retornamos e notamos que há uma estaca no ponto de saída. O tracklog que estávamos usando deixa a encosta junto a esta estaca. O tracklog oficial do parque segue adiante.
Saída da Casa dos Currais
Chegamos nos Currais por uma porteira bem à frente da casa. No dia seguinte, deixamos o local por uma outra porteira bem próxima, porém voltada para a lateral da casa. Ali se via uma seta pintada em amarelo, indicando a continuação da trilha. Seguimos por uma trilha com calha muito bem definida, atravessando um descampado sem referências visuais relevantes. Apenas 15 minutos depois, no demos conta que estávamos indo na direção errada. Retornamos todo o trecho para corrigir a rota. Conclusão: Saímos pela porteira correta, porém a trilha certa fica mais à esquerda, bem rente à cerca de arame farpado. Como está muito próxima à cerca, o chão batido chama pouca atenção, ao contrário da trilha incorreta, que está bem clara à frente (suspeito que a trilha incorreta leva à Cachoeira Braúnas).
Publicado em: 28/04/2019