Vale do Pati
Chapada Diamantina, Bahia
6 dias - out/2015

Acampamentos e hospedagens

Tivemos duas noites em pousada (no Vale do Capão e Andaraí), dois acampamentos selvagens (Rancho e Toca do Gavião), uma noite num quarto de casa de morador (Dona Raquel), e dois acampamentos no quintal de casa de morador (Sr. Eduardo).

Pousada Tatu Feliz

Pousada Tatu Feliz
Pousada Tatu Feliz
Foto: Felipe Vimeney

Nossa primeira noite na Chapada foi no Vale do Capão, na Pousada Tatu Feliz. Já havia visitado e gostado da pousada na primeira vez que estive no Capão, mas ainda não havia me hospedado lá. Dessa vez, achei que valeria a pena experimentar. Ela fica na rua principal do vilarejo, localização que seria conveniente para nós que estávamos sem carro. Fomos recebidos com muita cordialidade. As áreas comuns da pousada, os quartos e banheiros estavam limpos e bem conservados. O café da manhã foi excelente. Recomendo a hospedagem e voltaria lá em uma próxima vez.

A única ressalva que faço é evitar a hospedagem ali em finais de semana. Na primeira vez que estive no Capão, estava acontecendo um tipo de festa de música eletrônica na praça, com som em volume ensurdecedor. Certamente ninguém dormiu nas pousadas da rua principal. Desta vez, iria acontecer um festival de reggae no final de semana e, pelo tamanho do palco que estava sendo montado, provavelmente ninguém dormiria por ali novamente. Pra nossa sorte, pernoitamos na quinta-feira, quando o festival ainda não tinha começado.

Falando no Vale do Capão, não posso deixar de voltar a recomendar a pizzaria do Tômas (“pizzaria do Capão”), bem próximo da praça. Tinha aprovado na minha primeira visita ao Capão e desta vez fiz questão de levar meus amigos para conhecer a sua tradicional massa com cenoura e o mel com pimenta. Todos elogiaram. Passando pelo Capão, vale muito a pena conhecer.

Rancho

Nossa segunda noite na Chapada foi acampando num ponto conhecido como Rancho, próximo da subida do Quebra-Bunda e da bifurcação das trilhas das Gerais do Vieira e Gerais do Rio Preto. Quando planejei o pernoite neste local, não tinha quase nenhuma informação sobre o que nós encontraríamos ali. Após caminhar por um bom trecho de gerais, a trilha desce um pouco em direção à uma vegetação mais densa. Avançamos na mata por pouco metros, atravessamos um pequeno córrego e nos surpreendemos positivamente com o que achamos: um belo poço para banho, com uma simpática cachoeira ao fundo e um terreno bem razoável para montar as barracas. Árvores no entorno garantindo sombra e na parte mais alta do terreno, a cabana de pau a pique que eu havia lido a respeito. Fora a cabana que serve como um mero resguardo da chuva, não existe mais nenhuma infraestrutura no local.

Acampamento no Rancho
Acampamento no Rancho

A cabana é bem pequena, possui uma “varanda” coberta e um cômodo trancado por uma porta com correntes. O área da varanda pode ser usada para cozinhar ou secar roupas no caso de chuva. Embora haja espaço suficiente para montar uma barraca individual, o chão no entanto é bem irregular e a cabana é frequentada por ratos durante a noite. Havíamos montado uma barraca lá e acabamos transferindo para fora depois que nos deparamos com uma ratazana rondando a barraca no início da noite. O terreno adjacente à cabana também não é muito bom, possui pedras e é irregular, sem contar que, no caso de chuva, receberá a água que vem do telhado da cabana.

As melhores opções para montagem das barracas estão na parte mais baixa do terreno, afastado da cabana. Conseguimos montar três barracas individuais e duas barracas de duas pessoas em terreno bem razoável. Para mais barracas do que isso, não há bons espaços. Na verdade, toda aquela área é muito sensível e por isso deve ser evitada, principalmente por grupos grandes, como o meu. Nossa parada ali foi um erro causado por desinformação. O poço e o rio correm muito próximo do local de montagem das barracas e o terreno no entorno é sobrelevado, facilitando o escoamento de rejeitos para dentro do rio. Lembre-se de se afastar bastante da água para lavar louça ou fazer as necessidades. Leve todo o seu lixo (inclusive papel higiênico) com você. Banho com sabão e shampoo, nem pensar! Se você nunca fez um acampamento selvagem, informe-se a respeito dos procedimentos mais ecologicamente recomendáveis. Ajude a preservar o local.

Toca do Gavião

Nossa terceira noite foi passada na Toca do Gavião. Assim como no caso do Rancho, possuíamos muito poucas informações sobre o que encontraríamos naquele ponto. A Toca fica situada a cerca de 4,5 Km do mirante da rampa, na trilha que leva ao Cachoeirão por cima. Após passarmos do mirante, e da bifurcação que leva pra dentro do Vale do Pati, continuamos percorrendo as gerais e começamos a avistar à direita o traçado do Rio Preto, há vários metros de distância. Depois fomos nos aproximando de um paredão rochoso que vai ficando também à nossa direita. A vegetação fica um pouco mais densa e chegamos num ponto de água. A Toca fica logo à direita. É fácil notar na trilha principal a entrada para o curto caminho que leva até a Toca.

Acampamento na Toca do Gavião
Acampamento na Toca do Gavião

Ao contrário da surpresa positiva que tivemos ao chegar no Rancho, a Toca do Gavião foi uma decepção. O lugar é de fato, uma toca, geologicamente falando. Elevada poucos metros a cima do nível da trilha principal, tem espaço apenas para duas barracas de dois lugares, uma colada na outra. Fora o espaço interno da toca, o terreno no entorno é rochoso, irregular e cheio de vegetação densa. Esperamos o final da tarde, quando não havia mais ninguém utilizando a trilha e tivemos que montar as quatro barracas individuais em cima da própria trilha. As duas barracas maiores conseguiram ficar apertadas dentro da toca.

O ponto de água em frente estava praticamente seco, com a água quase parada, muito turva e com vários insetos e girinos. Não existe outra opção de água próxima. Tivemos que filtrar e clorar cuidadosamente a água para o consumo. Aparentemente este ponto de água trata-se de uma nascente de rio, que segue para desaguar no Cachoeirão. A fragilidade do local torna-o totalmente desaconselhável para acampamento. Se por algum motivo você precisar pernoitar na Toca, caminhe na trilha principal para longe do córrego para lavar as louças e fazer as necessidades.

Dona Raquel

Nosso quarto pernoite na Chapada estava planejado para ser realizado na casa de algum dos moradores do Vale do Pati, mas ainda não sabíamos qual. Estávamos sem reservas. Tínhamos como referência a casa do Sr. Wilson (por boas recomendações de alimentação e hospedagem) e a casa do Agnaldo (por ficar próxima dos acesso para a Cachoeira dos Funis e Morro do Castelo). Chegamos na casa do Sr. Wilson às 16:00 e já não havia mais vagas. A estrutura parecia boa e o fato de estar lotada também deve indicar que é bem procurada. A casa do Agnaldo fica há 500 metros dali. Bem mais simples, parecia estar bem mais vazia e tinha vaga pra todo nosso grupo. Antes de nos estabelecermos ali, andamos mais 700 metros para conhecer a casa (ou pousada) da Dona Raquel, famosa na região.

Forró na Dona Raquel
Forró na Dona Raquel

Fomos muito bem recebidos pela simpática Dona Raquel. A sua pousada estava muito bem cuidada, com paredes bem coloridas, muitas flores no jardim, banheiros e quartos limpos, além de contar com uma bela vista para a montanha. Decidimos pernoitar ali. O jantar foi excelente e pra encerrar muito bem a noite ainda assistimos à banda de forró que tocou lá mesmo, animada pelo som da sanfona do João, filho de Dona Raquel e outros músicos locais. Tão bom quanto o jantar, foi o café da manhã servido no dia seguinte. Pela praticidade, acabamos optando por ficar nos quartos, mas também há espaço para barracas no quintal da casa (neste quesito, o quintal do Agnaldo parecia mais espaçoso). Pagamos R$ 100 por pessoa pela hospedagem no quarto, incluído o jantar e o café da manhã.

Dentro do Vale do Pati não há luz nem telefone, por isso, não é fácil reservar com antecedência os pernoites nas casas dos moradores. Conversando com o João pela manhã, aproveitei a oportunidade para anotar o telefone da sua irmã Graçonete, que mora em Guiné e tenta ajudar na alocação dos quartos na pousada. O número é (75) 3338 7058. O ambiente do local é muito aconchegante. Certamente tentarei voltar à posada da Dona Raquel em outra oportunidade.

Ruinha (ou Igrejinha)

Ruinha
Ruinha

Não chegamos a pernoitar na Ruinha, mas aproveitamos a visita ao Vale para conhecer o local. Estivemos lá antes de seguir para a casa do Sr. Wilson. A histórica Ruinha, hoje em dia trata-se de um largo onde é mantida por alguns moradores uma pequena infraestrutura para pernoite de visitantes. Existem banheiros, pias, um bom espaço para acampamento, uma cozinha ampla e bastante completa, uma igreja e um pequeno mercado com alguns itens muito básicos. É possível também pernoitar em quartos e existe a possibilidade de se fazer refeições. Os banheiros e água não são trancados, mas parece que nem sempre a pessoa responsável pelos quartos e comida está no local para fornecer estes serviços.

Os preços cobrados pelos moradores pelos serviços oferecidos dentro do Vale do Pati são todos muito parecidos. Na Ruinha, a hospedagem no quarto sai por R$ 30. O jantar R$ 30 e café da manhã também R$ 30. Ou seja, um valor total de R$ 90, bem semelhante ao cobrado pela Dona Raquel. O acampamento sai por R$ 15 por pessoa. Pelo uso do fogão são cobrados R$ 8. Existe também a opção de aluguel de isolante térmico por R$ 20.

Sr. Eduardo

Passamos nossa quarta e quinta noite dentro do Vale do Pati acampando no quintal da casa do Sr. Eduardo. Infelizmente, não tivemos o privilégio de conhecer o Sr. Eduardo. Atualmente quem mora na casa é o Domingos, seu filho, que nos recebeu muito bem. Domingos nos contou que o Sr. Eduardo agora está morando em Andaraí, devido à sua idade avançada. O quintal da casa possui um excelente espaço para as barracas, além de ficar bem próximo ao rio, onde é possível tomar banho à qualquer hora.

Acampamento no Sr. Eduardo
Acampamento no Sr. Eduardo

Próximo da área de camping existe um banheiro muito simples (mas com vaso sanitário convencional) e uma área coberta onde há uma pia e mesa para cozinhar e até alguns talheres. Infelizmente, notamos que alguns hóspedes deixam a cozinha bem suja e verificamos também que, lamentavelmente, a água da pia é despejada diretamente no rio.

O valor para acampar é R$ 15 por pessoa, sendo que mais de uma noite cai para R$ 12. O valor do jantar é R$ 35, e o café da manhã R$ 30. Não experimentamos o café da manhã, mas os jantares das duas noites estavam muito bons. Apesar de não termos feito o café, não resistimos em comprar alguns pães caseiros muito cheirosos que estavam sendo feitos na hora. Tivemos dois dias agradáveis no local. Eu recomendaria e voltaria lá em outra oportunidade.

Por: Ângelo Vimeney
Publicado em: 03/06/2016

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