Vale do Pati
Chapada Diamantina, Bahia
6 dias - out/2015

Clima

Nossa viagem foi realizada bem no início da primavera de 2015. Chegamos no aeroporto de Lençóis em torno das 14:00. Assim que descemos do pequeno turbohélice, fomos recebidos pelo sol forte que aquecia com vontade a pista de pouso. Enquanto tentávamos no acomodar na Toyota que nos conduziria até o Vale do Capão, nosso motorista nos alertava que havia acontecido um acidente na estrada e que, por isso, poderíamos pegar um engarrafamento no caminho. Eles nos sugeriu seguir até um posto de combustível há uns dois quilômetros dali e aguardar o trânsito se regularizar.

No ponto da estrada onde estávamos, não víamos sinal do tal congestionamento. Todos nós estávamos ansiosos para chegar no Capão e relaxar um pouco antes de começar a travessia. Mas com o calor que fazia, só a ideia de ficar parados num engarrafamento, fritando dentro da Toyota, nos convenceu de que seria melhor esperar no posto. Aguardamos por alguns minutos, talvez 40 minutos, e seguimos viagem. Pegamos ainda um pouco de retensão, mas felizmente não ficamos parados por muito tempo. Enquanto viajávamos observávamos a irradiação do calor subindo do asfalto, mato seco por todos os lados e nenhum sinal de água. O motorista nos disse que, já há algum tempo, não viam chuva por ali. Fiquei imaginando os dias quentes de caminhada que nos esperavam.

As chuvas na madrugada e calor intenso durante o dia marcaram nossa viagem
As chuvas na madrugada e calor intenso durante o dia marcaram nossa viagem
Foto: Felipe Vimeney

No meio da madrugada seguinte, acordei com o som da chuva intensa do lado de fora da pousada, no Capão. Voltei a dormir, apostando que pela manhã não haveria mais chuva e estaria de volta o calor forte que havíamos experimentado na estrada. Engano. Ainda chovia pela manhã. Arrumamos nosso equipamento na pickup que nos levaria até o Bomba sob chuva fina. Quando começamos a caminhar, a chuva nos deu uma trégua. Nosso primeiro dia de caminhada foi repleto de nuvens baixas, e muita nebulosidade. Fomos poupados do calor, mas perdemos o visual. Um pouco antes de chegar no Rancho, uma garoa ainda ameaçou a cair bem de leve.

Nos dias subsequentes um padrão se repetiu: no meio da madrugada acordávamos com o som da chuva caindo sobre o sobreteto das barracas. Ao amanhecer já não havia mais sinal de chuva, fora o céu um pouco encoberto. Ao longo do dia, muito sol e calor. Quando retornamos da trilha para o Morro do Castelo, nossos planos seriam seguir para a casa do Sr. Eduardo. Mas o sol estava tão forte que preferimos almoçar e esperar o meio da tarde para retomar a caminhada. Chegamos no Sr. Eduardo já colocando as lanternas de cabeça, mas valeu a pena fugir do sol do meio dia.

Na nossa última noite acordamos às quatro da manhã para desmontar o acampamento e fazer nossa última trilha, cruzando a Ladeira do Império e chegando à cidade de Andaraí. O padrão se manteve e acordamos com a chuva, dessa vez até mais forte que nas noites anteriores. Prosseguimos organizando o que foi possível dentro das barracas até que a chuva amenizou e pudemos finalizar as cargueiras para partir. Saímos às 6:40, quarenta minutos depois do programado. Recomendo fortemente que esta trilha se inicie às seis da manhã. Não só por ser uma das mais longas do roteiro e com maior aclive acumulado, mas pelo forte calor. Até chegarmos no mirante para a cidade de Andaraí, até encontramos alguns pontos de água pelo caminho (estão sinalizados no tracklog), porém o último terço do caminho foi muito árido. Não se vê nenhuma oportunidade de sombra e, com o avançar da hora, o terreno pedregoso já está quente e parece que vai derreter as solas das botas. Não queira começar tarde esta trilha.

Em geral, a vegetação da Chapada é rasteira. O cenário típico são aquelas amplas planícies elevadas com mato e árvores retorcidas, oferecendo poucas chances de sombra para os caminhantes. Por isso, recomendo o período do inverno, ou bem próximo dele, para os viajantes que pretendem realizar trilhas de longo curso. Fora deste período, certamente o calor tornará muito desgastantes trilhas longas com muito equipamento nas costas. Ao chegar dentro do Vale do Pati, a convergência das águas para o fundo do vale propicia uma vegetação muito mais abundante e diversificada, com temperaturas um pouco mais amenas e mais sombra.

Enquanto o período do inverno pode ser recomendável para evitar o forte calor, por outro lado, este período provavelmente não será o melhor para admirar as águas. No nosso caso, na primavera, encontramos o Cachoeirão com pouquíssima água. Já a Cachoeira do Funil, dentro do Pati, estava com muito mais volume d'água.

Por: Ângelo Vimeney
Publicado em: 03/06/2016

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