Infraestrutura
Visitar o Yosemite foi não só uma experiência única do ponto de vista da apreciação das belezas naturais como também uma oportunidade de observar de perto o funcionamento exemplar do serviço de parques americano, o National Park Service: Ao mesmo tempo em que respeitam a liberdade dos visitantes de montar seu próprio roteiro e escolher os riscos que estão dispostos a correr dentro do Parque, garantem a proteção do patrimônio natural, com suas características nativas e fornecem um serviço de altíssimo nível no apoio à visitação.
A parte mais estruturada do parque é o Yosemite Valley. Conhecer suas dimensões e sua organização, por si só, já foi uma experiência muito interessante. No Yosemite Valley encontramos centro de visitantes, loja de souvenirs, loja de equipamentos de montanha, cinema, supermercados, lanchonetes, restaurantes e até lavanderia. Não chegamos a visitar, mas existe também hotel, escola, hospital e uma pequena prisão. Uma verdadeira cidade dentro de um parque nacional, encravada no meio de um belíssimo vale e vivendo em função das mais variadas atividades de montanhismo. No Yosemite Valley existem três área de acampamento gigantes: o Lower Pines, o Upper Pines e o North Pines. Além de dois acampamento menores: o Camp 4 e o Backpackers' Campground.
Fora do Yosemite Valley, milhares de hectares de natureza conservada, cruzada por diversas trilhas: a parte selvagem do Parque. Ao norte, Tuolumne Meadows. Depois do Yosemite Valley, é a área com maior estrutura do parque. Nada comparável às dimensões do Valley, mas encontramos uma grande área de acampamento, um centro de visitantes e uma lanchonete, às margens da Tioga Road (CA-120), que cruza aquela parte do Parque. Nas seções abaixo descrevo minhas impressões sobre alguns aspectos da infraestrutura que encontramos.
Acampamentos
Passamos todas as noites no Yosemite acampando nas nossas próprias barracas. Tivemos a oportunidade de conhecer algumas áreas de acampamento no Yosemite Valley, em Tuolumne Meadows e na parte selvagem do parque (wilderness areas). No Yosemite Valley, passamos cinco noites. Duas delas foram no acampamento Lower Pines. Uma foi no acampamento Upper Pines e outras duas foram no Backpackers' Camp. Todas as noites nos acampamentos Pines foram reservadas com antecedência. As noites no Backpackers foram possíveis graças aos nossos permits de trilhas selvagens, também obtidos com bastante antecedência.
Foto: Felipe Vimeney
Apesar de não termos feito nenhum pernoite no North Pines, chegamos a conhecê-lo pois o Backpackers' Camp fica numa área em anexo a este acampamento. A estrutura disponível em todos os "Pines" é muito semelhante. Cada um destes campgrounds é divido em diversos campsites. Se você deseja se hospedar em um destes campgrounds, é necessário efetuar a reserva de um ou mais campsites para o seu grupo com antecedência. O tamanho máximo do grupo permitido em um mesmo campsite é de 6 pessoas. A quantidade de barracas é livre, desde que todas fiquem dentro da área do seu campsite.
Se hospedar nos Pines é extremamente agradável. Os campsites são bem espaçosos. Não tivemos problema para alocar no mesmo campsite três barracas de duas pessoas cada. Todos os campsites contam com uma mesa e banco de madeira para as refeições, um bear locker e área de estacionamento anexa. Tanto no Lower quanto no Upper Pines, conseguimos estacionar sem problemas dois carros grandes na área designada ao nosso campsite. O solo é razoável. Possui partes planas em abundância, mas às vezes é bem difícil fixar as estacas pois o terreno fica muito duro em pouca profundidade.
O Backpackers' Camp também é dividido em campsites, mas a alocação é feita por ordem de chegada, desde que você tenha o permit que lhe dá direito de uso. Chegando na área de camping, você mesmo preenche um envelope com dados de checkin. Coloca o valor da estadia dentro do envelope e o deposita numa urna, no próprio local. Encontramos o Backpackers cheio nas duas vezes que chegamos. Na primeira, conseguimos uma das últimas vagas. Na segunda, não estávamos encontrando lugar. Um outro grupo muito gentil, que estava dividido em dois campsites, se reuniu em um único para liberar o outro para nós.
No Backpackers também existem bear lockers por campsite, mas nem todos campsites possuem mesas e também não há vagas de estacionamento. Existe apenas uma área de estacionamento compartilhada, disponível somente para carga e descarga de bagagem. Para nós, que estávamos de carro, essa era a principal desvantagem com relação aos Pines. Dentre os Pines, talvez a melhor opção seja o Lower Pines, por ser o mais próximo da Curry Village, facilitando assim o acesso à pé. A pior opção é o North Pines. Ele fica próximo a um estábulo. Por causa disso, em alguns campsites o cheiro estava extremamente desagradável. O Backpackers, apesar de ser vizinho do North Pines, não chegava a ser afetado pelo mau cheiro.
Em Tuolumne Meadows, existe uma grande área de acampamento: o Tuolumne Meadows Campground, com estrutura similar aos acampamentos Pines. Os campsites contam com bear lockers, mesas, vagas para automóveis e também devem ser reservados com antecedência. Em anexo ao Tuolumne Meadows Campgroud (próximo ao Dana Campfire Circle), existe outro Backpackers' Camp, nos mesmos moldes do encontrado no Yosemite Valley. Não fizemos reservas para o acampamento de Tuolumne Meadows. Nosso roteiro previa três noites que seriam passadas no Backpackers's Camp. Após a primeira noite no Backpackers, descobrimos que, devido ao tamanho do nosso grupo, seria um pouco mais econômico (e também um pouco mais confortável) ficar no Tuolumne Campground. Por sorte, conseguimos na hora, vaga em um campsite deste acampamento para as outras duas noites.
Cinco dos nossos pernoites no Parque foram realizados na área selvagem. Para pernoitar na área selvagem é necessário um permit, obtido com antecedência, e o porte de bear canisters. Na parte selvagem do parque, você pode acampar onde julgar apropriado, desde que respeite: uma distância mínima de 30 metros de qualquer curso d'água, uma distância mínima de 30 metros da própria trilha, uma distância mínima a partir do início da trilha (essa última distância varia de trilha para trilha). Além disso, recomendam que, quando você identificar uma área de acampamento utilizada previamente, você reaproveite-a, minimizando assim o impacto no parque. Como regra geral, na área selvagem, não existe nenhuma infraestrutura disponível. É você e seu equipamento.
Nosso roteiro previa que três dos nossos cinco pernoites na parte selvagem seriam feitos próximos de High Sierra Campgrounds. A High Sierra é uma empresa que mantém alguns acampamentos na parte selvagem do Yosemite, vendendo aos seus clientes pacotes de visitação com um pouco mais de conforto do que o estilo "faça tudo por conta própria" (veja os links no fim da página). Para nossa sorte, durante nossa visita, a empresa ainda não havia começado as suas atividades da temporada 2015. Assim, realizamos todos os nossos pernoites em completa tranquilidade.
Aparentemente, os acampamentos High Sierra são montados e desmontados a cada temporada. No local onde encontraríamos tendas no estilo "hospital de campanha" (parecidas com as tendas da Curry Village), achamos apenas as bases que servem de apoio para a montagem. As estruturas fixas, como banheiros e torneiras estavam todos devidamente lacrados evitando que algum espertinho tentasse se aproveitar. Toda a estrutura dos High Sierra é exclusiva para os clientes da empresa. Uma grande vantagem de termos ficado próximo aos High Sierra, foi utilizar os bear lockers que existem lá. É muito mais prático pernoitar mantendo os suprimentos nos lockers do que nos canisters.
Banheiros, banhos e cozinha
Existem banheiros distribuídos por toda a área dos acampamentos Pines. Podem ser alcançados à pé a partir de qualquer campsite. Nesses banheiros existem vasos sanitários com descarga (flush toilets) e uma pia. Não há chuveiros. Na parte externa da construção há uma torneira próxima ao chão e um filtro para coleta de água potável. Ao lado do Backpackers' Camp existe um banheiro com alguns vasos sanitários, mas sem descarga (pit/vault toilet). Neste banheiro não há pia, muito menos chuveiro. A opção mais prática para ter acesso à água a partir do Backpackers é caminhar até um dos banheiros do North Pines.
Distribuídos por todo o Tuolumne Meadows Campground, existem banheiros semelhantes aos dos acampamentos Pines: vasos sanitários com descarga e uma pia, também sem chuveiros. No Backpackers' Camp de Tuolumne não existe um banheiro próximo, como no Yosemite Valley. É necessário caminhar até um dos banheiros do Tuolumne Campground. Na parte selvagem do parque você precisa enterrar suas fezes. Papel higiênico e outros resíduos precisam ser transportados para fora da área selvagem por você. Durante nossas trilhas na parte selvagem fomos poupados destas desagradáveis tarefas apenas em dois acampamentos: em Glen Aulin e no Little Yosemite Valley. Em ambos existem fossas assépticas com vasos sanitários acoplados.
Tanto os banheiros dos acampamentos estruturados quanto os banheiros de Glen Aulin e Little Yosemite Valley estavam em bom estado de conservação, e com boa manutenção. Apesar do grande fluxo de visitantes, o parque faz um bom trabalho de higiene. Além disso, as fossas contam com um sistema bem interessante de ventilação (links no final da página) que as mantém livre (ou quase) de mau odor.
Para tomar banho de chuveiro no Yosemite Valley, é necessário ir até a Curry Village. Pode parecer pouco prático no princípio, mas acabamos nos adaptando bem a essa rotina. No final da tarde, arrumávamos nossas mochilas ou bolsas com tudo o que precisaríamos para o banho e nos encaminhávamos para a Curry Village. Depois do banho, já seguíamos direto para o jantar, também na Curry Village (mais detalhes sobre alimentação a seguir). Os banhos são gratuitos para quem está hospedado na Curry Village, o que não era o nosso caso. Para não-hóspedes são cobrados cinco dólares por banho. Você tem direito a banho quente por tempo ilimitado e toalhas limpas. Os chuveiros são dispostos em boxes individuais com sabonete líquido e shampoo à disposição. Dentro do box ainda há uma pequena área para troca de roupas com um banquinho e ganchos para pendurar seus pertences. Um verdadeiro luxo para os padrões de banheiro de acampamento que estamos acostumados.
Tirando os banhos (pagos com muito prazer) na Curry Village, não vimos chuveiros em nenhum outro momento da nossa estadia no Parque. Tomamos banho todos os dias, mas nos rios, lagos e cachoeiras próximos aos pontos de acampamento. Em Tuolumne Meadows, o Tenaya Lake e o Tuolumne River foram pontos excelentes para banho. Em Glen Aulin, tomamos um banho ótimo ao lado da linda cachoeira vizinha ao acampamento. Em Vogelsang, tomamos banho no Fletcher Lake. Lá as pedras com limo dificultam um pouco a entrada no lago. No entanto, o maior desafio era encarar a temperatura da água, formada pelo degelo da neve no Fletcher Peak, bem em frente ao lago. Todos os banhos foram muito frios, mas talvez este tenha sido o mais frio da viagem.
O Merced Lake é muito ruim para o banho pois a vegetação dificulta o acesso às suas margens. Nos pontos em que é possível chegar na água, existem muitas pedras e lodo. Felizmente, pouco antes de chegar ao Merced Lake e ao High Sierra Camp, o Merced River forma poços perfeitos para o banho, inclusive com hidromassagem natural fornecida pelas quedas d'água. Foi o melhor banho da viagem. No Little Yosemite Valley também tomamos ótimos banhos em uma praia muito agradável formada pelo Merced River bem próxima aos acampamentos.
Aproveitávamos a hora do banho para lavar as nossas roupas também. Apesar das baixas temperaturas e pouco vento, todas as peças lavadas no final da tarde secavam sem problemas até a manhã seguinte. Seja na lavagem das roupas ou nos banhos, é proibido o uso de sabão, shampoo ou qualquer produto químico nos rios e lagos. Mesmo os sabões biodegradáveis. Afinal, nenhum parque sobreviveria com 3 milhões de visitantes por ano tomando banho e lavando suas roupa nos rios, mesmo com sabão biodegradável.
No Yosemite não há cozinhas coletivas ou áreas especialmente designadas para cozinhar e consumir alimentos. Nos campsites dos acampamentos Pines e do Tuolumne Campground existem áreas para fogueira (fire rings). Os fogareiros portáteis podem ser utilizados em todo o Parque sem restrições. Durante nossa estadia, não fizemos fogueiras, utilizamos sempre nossos fogareiros para cozinhar.
Como não existe cozinha, o processo de lavagem da louça se torna bem mais trabalhoso. Primeiramente, é necessário coletar água em algum lugar. Nos acampamentos estruturados a torneira dos banheiros é uma opção prática. Na parte selvagem do parque será um rio ou um lago próximo. Da mesma forma que o sabão não é permitido nos rios e lagos na hora do banho, também não pode ser ali descartado durante a lavagem da louça. Por isso, você deve transportar a água coletada e a louça para um ponto afastado do rio ou lago para realizar a lavagem. Preferencialmente, com pouca quantidade de sabão biodegradável. Na parte selvagem, a água suja será dispersa no solo. Nos acampamentos estruturados a água suja deve ser descartada nos lugares apropriados (nos Pines existem uma espécie de fossa para isso, do lado de fora dos banheiros).
Foto: www.rei.com
Para ajudar a lavagem da louça, nosso grupo contava com uma “pia portátil”. Se trata de uma espécie de bolsa de borracha para a coleta e o transporte da água. Em princípio, poderíamos usar nossas próprias panelas para isso, entretanto, a pia tem capacidade maior do que as panelas (a nossa pia era de 5L e existem maiores). Ela fica bem leve e compacta quando não está em uso e, quando cheia d'água, permanece de pé sobre o solo sem que alguém precise segurá-la. Não lembro de ter visto à venda aqui no Brasil. Comprei uma na REI de San Francisco e recomendo muito para uma viagem em que a lavagem da louça precisa ser feita sem água corrente. Ela acaba sendo útil também para outras atividades como escovar os dentes ou lavar o rosto no acampamento selvagem.
Na REI de San Francisco compramos também o sabão biodegradável que usamos na viagem. Compramos um sabonete líquido chamado Camping Suds. Ele rende bem, fez espuma com facilidade, vem em uma embalagem de tamanho apropriado para carregar na mochila e pode ser utilizado na louça, nas roupas e no corpo.
Alimentação
A grande maioria dos alimentos que consumimos durante as duas semanas no parque foi trazida do Brasil. Levamos conosco diversos alimentos liofilizados e desidratados incluindo macarrões, arroz, carne, frango, muitas barras de cereal, oleaginosos, entre outros. Complementamos também com alguns itens comprados em San Francisco como jerky, chocolate em pó e pães. Nosso roteiro previa passagens pelo Yosemite Valley e Tuolumne Meadows, onde aproveitamos a oportunidade de fugir um pouco da nossa alimentação monótona e provar alguma comida um pouco mais saborosa.
Nas noites no Yosemite Valley, comemos pizza na Curry Village e também provamos a comida à quilo servida no restaurante ao lado da pizzaria. Lá também comemos cachorro-quente, tomamos cerveja, sorvete e refrigerantes: Um verdadeiro paraíso para quem volta de trilhas à base de muitas barras de cereal. Existe um amplo deck de madeira em frente à pizzaria e ao cachorro-quente, onde são dispostas várias mesas para os clientes. Ao cair da noite o deck começa a encher e logo há uma grande fila para pedir pizza. Apesar disso, o atendimento é bem eficiente. Todos os alimentos e cervejas que provamos foram de ótima qualidade.
Também na Curry Village existe um mercado onde é possível comprar uma variedade razoável de alimentos, incluindo ovos, jerky, biscoitos e bebidas. A Curry Village é o ponto mais acessível para quem está nos acampamentos Pines. Fomos para lá e voltamos à pé algumas vezes. Se as opções disponíveis na Curry Village não forem suficientes, na Yosemite Village existe um mercado ainda maior e com mais variedade, vendendo até carne fresca. Tomando o shuttle que para na própria Curry Village, é fácil chegar até lá.
Foto: Felipe Vimeney
Em Tuolumne Meadows as alternativas de alimentação são muito mais restritas. Existe apenas um pequeno mercado ao lado de uma lanchonete, a Tuolumne Meadows Grill. O mercado é menor do que os encontrados no Yosemite Valley. Neste mercado, compramos ovos para compor o jantar de uma das noites em Tuolumne. A lanchonete vende basicamente hamburgers e batatas fritas. É muito pequena e está sempre cheia de montanhistas famintos, inclusive trilheiros da Pacific Crest Trail. Na área externa existem algumas poucas mesas disponíveis. Apesar de toda a simplicidade, os hamburgers são muito saborosos e foram um fortíssimo apoio ao cardápio da excursão.
Park Rangers
Os park rangers são um dos ícones do serviço de parques nacionais americanos. Eles são muito respeitados e fazem um admirável trabalho na gestão, proteção e divulgação dos parques nacionais. Todas as vezes que precisamos de algum apoio fomos atendidos com muita gentileza e presteza. No Yosemite Valley, tivemos contato com eles logo na chegada ao parque, quando recebemos as suas boas vindas na portaria, e mais tarde, no Wilderness Center, onde fomos alugar nossos bear canisters. À noite, pudemos observar os seus veículos patrulhando as vias no entorno dos acampamentos. No Backpackers' Camp, uma ranger abordou os hóspedes para verificar se estavam com os devidos permits para o pernoite. Na nossa última noite, neste mesmo acampamento, todos já estavam recolhidos nas suas barracas quando três rangers passaram com lanternas verificando o fechamento de cada um dos bear lockers.
Nas trilhas selvagens, tivemos pouco contato com eles. Os encontramos basicamente no Little Yosemite Valley. Ao atravessar a floresta que se recuperava de um incêndio na chegada a este setor, um grupo de rangers trabalhava sob forte sol e calor, no meio das cinzas, na contenção dos últimos focos do incêndio. Apesar do trabalho desgastante, ao notar nossa aproximação, os rangers suspendiam o trabalho e liberavam a trilha para nossa passagem, nos cumprimentando com bom dia e um sorriso no rosto cheio de terra e cinzas. À noite, fomos abordados por um ranger interessado em conferir nosso permit para o pernoite naquela área. Na manhã seguinte, fomos um dos primeiros a chegar no Half Dome, e lá já estava o mesmo ranger da noite anterior, conferindo os permits para liberar o acesso aos cabos de aço.
Em Mariposa Grove, acompanhamos um ranger que conduzia um grupo pelas trilhas do bosque. Durante o percurso, ele fazia paradas em frente a pontos de destaque e passava diversas informações sobre o parque e as sequoias gigantes. Nossa visita à Mariposa certamente foi muito mais rica com o acompanhamento do ranger.
Apesar de todos os pontos positivos, tivemos também experiências negativas com os eles, todas relacionadas ao quesito informação. Aparentemente eles tem o hábito de nunca dizer "eu não sei". Para qualquer coisa que você pergunte sobre o parque, eles darão uma resposta, mesmo que não seja a correta. Havíamos acabado de desembarcar no Centro de Visitantes de Tuolumne Meadows com as cargueiras lotadas nas costas. Perguntamos como fazer para chegar no backpackers' campground. Nos indicaram uma trilha de 2,4 Km até lá, quando na verdade bastaria pegarmos o shuttle gratuito em frente ao Centro de Visitantes (stop 6) e descer praticamente em frente ao acampamento (stop 5).
Estávamos preocupados com a disponibilidade de água na travessia que faríamos de Tenaya Lake para Glen Aulin. Ao contrário da maioria das trilhas do nosso roteiro, esta não seguia o curso de nenhum rio nem passava por muitos lagos. Também no Centro de Visitantes de Tuolumne, aproveitamos para nos informar sobre essa questão. O ranger abriu um mapa semelhante ao que eu possuía e me apontou o rios que ele via, da mesma forma que eu já tinha feito meses antes no Brasil. Esperava que lá no parque eu fosse obter informações mais precisas, mas não foi o caso. Acabamos fazendo a trilha carregando muito mais água do que o necessário. Descobri então que existiam vários bons pontos de água no percurso. Sinalizei estes pontos no tracklog deste dia.
Ainda sobre esta mesma travessia, estávamos preocupados com o seu nível de dificuldade. Ela seria um trechos mais longos que percorreríamos em um só dia. Ainda no Brasil, por telefone, fomos informados por um ranger que a trilha era perfeitamente viável de ser feita em um dia, com perfil, segundo suas palavras "pretty flat". Essa foi uma das mais duras trilhas que fizemos e seu ganho de elevação chegou a 628 m. Por fim, no Wilderness Center, nos informamos sobre o melhor ponto do shuttle para começar a travessia que faríamos de Tuolumne até Vogelsang. A ranger nos informou que era o próprio ponto do Wilderness Center (stop 3). Seguimos seu conselho e andamos desnecessariamente 600 metros até passar na frente do stop 2, onde seria o melhor ponto para começar a trilha.
Links
Detalhes sobre o circuito de High Sierra Camps:
Especificação técnica do National Park Service acerca da construção de banheiros secos:
Publicado em: 04/05/2016